PRÓXIMA BICICLETADA SALVADOR [MASSA CRÍTICA]: 29 de março de 2013 - Concentração: 19h

Aonde? Largo da Mariquita, Rio Vermelho

Evento gratuito.

A Massa Crítica, ou Bicicletada, é um evento aberto a todos aqueles que estejam afim de articular coletivamente estratégias para divulgar, estimular e promover as condições necessárias para o uso da bicicleta como meio de transporte, além de reivindicar o seu espaço nas ruas. Desse modo pretende-se despertar a população e os gestores da mobilidade a consciência de que a bicicleta é um meio de transporte, sustentável, e que como todos os outros merece o devido respeito.

Lutamos por cidades amigáveis, onde os seres humanos sejam respeitados, por transporte público de qualidade para todos, multimodal e integrado. A mobilidade urbana é um direito de todos.

Contato: bicicletadassa@gmail.com

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Rediviver a MaSSA Crítica

Por Lucas Jerzy Portela - O último Baile dos Guernantes - http://ultimobaile.com/

A Bicicletada de Salvador de fato minguou e morreu desde o último verão. Isso se deve, ao meu ver, muito mais a um "fracasso pelo sucesso": boa parte de seus vetores foram absorvidos pela atual política municipal, de modo bem prático e redundano por exemplo na instalação das Bicicletas Públicas do ITAÚ e num discurso menos fóbico, e mais diverso, em relação ao uso de bicicleta como transporte metropolitano (em oposição a fobia tutelista e surda do Cidade Bicicleta do governo estadual).

Agora, se faz tempo de ela voltar a viver - não no sentido de ressurreição, cristã, nem de reencarnação, espírita; mas de redivivência imanência, um devir-viva por devir-para-morte (só morremos se estamos vivos, e só estamos vivos porque estamos morrendo). E isso talvez, em termos de gramática, se manifeste numa mudança de prosódia no seu nome: Se antes tratava-se de festivamente formar uma MASSA (crítica) de usuários de bicicleta, agora a Prefeitura tomou a frente disso (ainda que pela direita, e cooptante), no que até por uma questão de escala será mais bem sucedida. Ocorre que esta Massa, formada por bike-shares e circo-falsa ou ciclo-farsas de lazer (por menos fóbico e mais involuntariamente autonomista que o discurso que as baliza seja), tende a se tornar amorfa, desforme, acrítica, talvez de-manobra.


A Bicicletada agora precisa incentivar o adjetivo CRÍTICA na sua Massa: cooptar a massa que a política cicloviária municipal formará; lembrar estes novos usuários de que isso não foi uma dádiva de Grampinho, mas uma construção prático-discursiva do comum, embora (e porque) não-militante, e apesar de (e porque) festiva. Piratear a pirataria, carnavalizar o carnaval, pedalar a pedalança, urbanizar o urbano, erotizar o erotismo. É neste sentido que a Bicicletada de Salvador, como o Sandman de Neil Gaiman, morre no exato momento em que volta a viver - exatamente a mesma, e completamente outra, porque o mundo ao seu redor acabou e retomou a existência exatamente outro e exatamente o mesmo. É nesse âmbito que já na última Massa Crítica, surpreendentemente cheia para um setembro (em que as Bicicletadas se esvaziam ao longo das comemorações do Dia Mundial Sem Carro), surge a proposta de que em Outubro, tropicalizando o Halloween, se faça a *Bicicletada Zumbi: "Morreu, mas tá pedalando por aí"* (exatamente como o Axé-System e o Carlismo, mas ao contrário; como a motorcracia e a carrodependência, mas do avesso). Em termos práticos, isso pode significar afixar cartazes na última semana do mês nos totens das estações do ITAÚ - o que me comprometo pessoalmente a fazer, já que moro ao lado do núcleo duro do sistema - passar, os dias da Bicicletada, por estes postos de dispensação. Enfim, não se encantar com termos finalmente um Prefeito, mas não ignorar que mesmo um prefeito de direita é melhor do que prefeito nenhum (ou um padecente de transtorno mental orgânico crônico).